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Estudantes cobram nova postura da UFJF contra assédio, racismo e violência no campus

Estudantes chegaram a fechar um dos acessos à UFJF (Foto: Miguel Sabariz)

Estudantes da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) realizaram um protesto para cobrar mais ações e políticas de enfrentamento ao racismo e combate ao assédio e a toda forma de violência no campus. A mobilização foi proposta pelo DCE (Diretório Central dos Estudantes) e contou com adesão de docentes e técnicos-administrativos.

À frente da Diretoria de Mulheres do DCE-UFJF, Leiliane Germano disse que as temáticas do antirracismo e do combate ao assédio e à violência de gênero estão na pauta das discussões dos estudantes. “Nossa proposta com a mobilização que fechou uma das portarias do campus foi trazer visibilidade para essas questões que impactam muito nossas vidas.”

A direção do DCE cobra da UFJF a criação de uma política de permanência dos estudantes na instituição. “Se temos uma política de cotas nas universidades, também precisamos de uma política de permanência desses estudantes nas universidades”, cobrou Leiliane Germano. Segundo ela, a comunidade acadêmica precisa se sentir segura no campus, o que não acontece hoje.

Os estudantes reuniram-se na parte central do campus no final da tarde de terça-feira (23) com cartazes e bandeiras de entidades estudantis. Em seguida, eles caminharam até a portaria de acesso ao bairro São Pedro, onde fizeram um ato fechando a entrada de veículos. Durante o trajeto, o grupo condenou o racismo e o machismo na instituição.

No início do mês, uma funcionária do Restaurante Universitária alegou que um estudante do curso de Ciências Econômicas teria se recusado a receber a sobremesa que ela entregava dizendo “não pego alimento das mãos de negros”. A Polícia Militar foi acionada. O aluno foi conduzido até a delegacia e liberado após prestar depoimento.

Em novembro do ano passado, O Pharol publicou reportagem com dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação mostrando que, entre janeiro de 2021 até outubro de 2022, foram registradas 24 denúncias de assédio na UFJF. As vítimas são em sua maioria servidoras de empresas terceirizadas e alunas de graduação. A instituição disse, na ocasião, se tratar de casos esporádicos.

Quanto ao protesto dos estudantes, a UFJF informou que “como espaço democrático considera todas as manifestações contra assédio e violência muito importantes, e está mobilizada para o enfrentamento dessas situações”. A instituição considerou as questões como “uma realidade social”, da qual ela “não escapa e precisa se posicionar”.

A UFJF pontuou ainda que, “além dos trâmites internos de investigação e responsabilização, como abertura de processo administrativo disciplinar contra denunciados, está em curso o desenvolvimento de uma política institucional contra o assédio”. Para isso, foi criado grupo de trabalho com representantes de todos os segmentos da comunidade acadêmica para propor ações e a construção dessa política institucional.