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Colunas

Orgulho: eu escrevo seu nome numa sopa de letrinhas

L

Lá em Nova York, na madrugada de 28 de junho de 1969, o o Stonewall Inn, um dos mais conhecidos bares gays da cidade, localizado no boêmio bairro de Greenwich Village, foi invadido.  Batidas eram costumeiras, mas nas primeiras horas daquele dia, a reação foi diferente. As vítimas da violência policial reagiram e deram início à “Revolta de Stonewall”, um marco que ajudou a desencadear o movimento atual pelos direitos civis LGBTQIAPN+ pelo mundo. E que fizeram da data uma memória de luta.

G

Gabriel, meu irmão do meio, é gay. Sempre foi, porque não é algo que se escolha, mas não sei quando se compreendeu assim. Sei é quando nos contou, aflito, chamando um a um da família para uma conversa que, na cabeça dele, poderia ser tensa, mas que se resumiu em “ah, sim, eu desconfiava. Vamos tomar um profiteroles?”. Estou inventando, não faço a menor ideia se havia profiteroles na conversa, mas no café em que estávamos vendia, então seria possível. E, no fim das contas, o mais importante numa conversa num café é a escolha da sobremesa, não a orientação sexual de cada pessoa.

B

Brenda é uma fotógrafa talentosíssima que conheço e sigo no Instagram. Horas atrás, ela compartilhou um post de 2020, com uma foto bonita sua, e o recado, que não envelheceu nestes três anos:

“B não é de biscoito

Mas se quiser me dar eu aceito

(…)

Me identifico como bissexual, o que quer dizer, no meu caso, que tenho potencial de desenvolver relacionamentos afetivos e/ou sexuais com pessoas de ambos os gêneros. Não é tão simples nem precisa ser. Sexualidade pode parecer complexa num mundo tão normativo mas é só algo muito particular de cada indivíduo, existem muitas possibilidades.”

T

“Todo amor merece ser celebrado”, concluiu Brenda.

Q

“Qualquer maneira de amor vale a pena”, cantou Milton.

I

Igualdade. Aquela segunda palavra do lema da Revolução Francesa.

A

Amor. Apenas.

P

Pesquisa feita pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) mostra que maioria das Convenções Coletivas de Trabalho do país não inclui a pauta LGBTQIAPN+ em suas cláusulas nem amplia direitos para famílias não convencionais, como as homoafetivas. Segundo artigo da professora Margot Andras, coordenadora da Secretaria de Defesa das Diversidades, Direitos Humanos e Respeito às Etnias e Combate ao Racismo da Contee — Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino, em que trabalho — em 2019, cláusulas relativas a trabalhadores LGBTQIAPN+ estiveram em 736 mesas de negociação pelo Brasil, o que corresponde a somente 2,5% de todas as mesas. Como observa a autora, essa “é uma pauta que praticamente não altera o custo às empresas, mas, ao não se tratar dela, invisibiliza-se e desrespeita-se um leque de possibilidades de orientações sexuais reais e, para além disso, a própria riqueza da diversidade da vida humana”.

N

Neste Dia de Orgulho LGNTQIAPN+, o cantor e compositor Djavan foi atacado, no Instagram, por supostamente usar “linguagem neutra”. No cartaz do show que ele fará em Barcelona, na Espanha, lê-se “Últimes entrades”. Está escrito em catalão.

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