A Ardagh Group, multinacional de embalagens para bebidas, adiou indefinidamente a instalação de duas fábricas (embalagens de alumínio e de vidro) em Juiz de Fora. Os dois projetos tinham previsão de investimento total de R$ 2,4 bilhões e a geração de cerca de 680 postos de trabalho. As plantas seriam construídas em um terreno no Distrito Industrial que pertencia à montadora alemã Mercedes-Benz. A primeira unidade entraria em operação neste semestre.
O adiamento sem prazo para retomada do projeto da Ardagh em Juiz de Fora foi anunciado inicialmente pelo colunista César Romero, do jornal Tribuna de Minas. A informação foi confirmada pelo Glassglobal, portal de informações da indústria internacional do vidro, que publicou no último dia 16 de janeiro: “A Ardagh Glass Packaging confirma que interrompeu recentemente a construção de uma nova fábrica de vidro em Juiz de Fora, no Brasil”.
A mesma publicação informa que, a Ardagh Group – segundo maior produtor mundial de vidro para recipientes – alegou que a deterioração nas condições do mercado de vidro brasileiro levou à interrupção dos projetos. Em julho de 2022, O Pharol publicou uma reportagem a partir de relatórios divulgados pela multinacional que indicavam receio dos investidores quanto ao desaquecimento do mercado de embalagens para bebidas no Brasil.
Ainda no mês de julho, em entrevista ao jornal Tribuna de Minas, a Prefeitura de Juiz de Fora informou que o projeto seguia firme. “As obras de edificação da Ardagh Glass já atingiram quase 70% do conjunto previsto. A empresa tem pessoal em treinamento no Senai, e os equipamentos da unidade industrial seguem sendo importados para sua instalação”. Na ocasião, a construção da primeira planta já trabalhava em ritmo reduzido e parte dos trabalhadores havia sido dispensada.
No relatório financeiro da Ardagh Group após os dois primeiros trimestres de 2022, Oliver Graham, diretor-executivo da Ardagh Metal Packaging, informou ter “enfrentado um cenário global de pressões inflacionárias contínuas e dificuldades financeiras das famílias”, o que impactou a demanda do consumidor. “Isso foi especialmente o caso do Brasil, onde esperamos que as pressões de mercado persistam no curto prazo.”
A maior preocupação da multinacional envolvia o pedido de recuperação do Grupo Petrópolis, um dos seus principais clientes no Brasil. Segundo informações do jornal Valor Econômico, após o pedido de recuperação judicial, o Grupo Petrópolis estaria operando com menos de 50% da capacidade instalada de fabricação. Entre suas marcas de cervejas estão Itaipava, Crystal e Petra.
No Brasil, após um crescimento contínuo desde 2017, o mercado de latas de alumínio, fortemente atrelado ao consumo de cervejas, viveu um revés na comercialização de embalagens em 2022. Dados divulgados pela Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio) revelaram um recuo de 4,7% nas vendas na comparação com 2021. Os dados de 2023 ainda não foram divulgados.