Apresentado pela Polícia Federal no final de maio, o inédito esquema de segurança para a proteção dos candidatos à Presidência da República será testado pela primeira vez em Juiz de Fora. A mudança do sistema utilizado em outras eleições decorre do atual cenário de polarização e tensão política, bem como do histórico de violência no pleito anterior.
O plano para a disputa eleitoral deste ano envolveu a criação de um grupo de inteligência de segurança aos presidenciáveis, com metodologia própria para identificar os riscos contra cada candidato. Cada campanha escolheu os policiais para coordenar o esquema de segurança. Os profissionais envolvidos têm experiência em outras eleições e atuação em eventos, com a Copa do Mundo e as Olimpíadas realizadas no Brasil.
A Polícia Federal será informada sobre as agendas dos candidatos com antecedência mínima de 48 horas e poderá sugerir mudança de programação ou reforço na segurança. Até o início das convenções, em julho, foram investidos cerca de R$ 32 milhões no esquema de proteção a candidatos.
Foram comprados 71 veículos SUV blindados, coletes e pastas balísticas, atualmente usados apenas pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional), além de uniformes e kits de pronto-socorro. Outros R$ 25 milhões serão gastos durante a campanha com diárias e passagens para os policiais.
Bolsonaro voltará ao local da facada em carro de som
A comitiva do presidente Jair Bolsonaro (PL), que terá o senador e candidato ao governo de Minas Gerais, Carlos Viana (PL), e o deputado e candidato ao Senado, Cleitinho (PSC), é aguardada no Aeroporto da Serrinha às 11h dessa terça-feira (16). Ainda no hangar, ele deve se reunir com autoridades religiosas da região.
Bolsonaro descerá em “motociata” até o cruzamento da Rua Halfeld com a Rua Batista de Oliveira, onde sofreu um atentado à faca em 2018. No local, ele fará um pronunciamento em cima de um carro de som. Por medida de segurança, o presidente não estará em contato com os apoiadores. Toda a área próxima ao local, inclusive prédios, passará por varredura para minimizar riscos.
O presidente desistiu de visitar a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, onde recebeu o primeiro atendimento em 2018. Ele quer retornar rápido a Brasília para participar da posse do ministro Alexandre de Moraes presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que acontecerá também nessa terça-feira (16) a partir das 19h. O ex-presidente Lula também estará no evento.
A escolha de Juiz de Fora para iniciar sua campanha de reeleição é parte da estratégia de Bolsonaro de resgatar o discurso de “escolhido de Deus” para governar o Brasil. A principal aposta é mobilizar desde o início da campanha o segmento evangélico, um dos poucos que o presidente lidera, conforme as pesquisas.
Outra aposta com a vinda a Juiz de Fora – segundo o presidente, “segunda cidade natal” – envolve a ideia de uma relação pessoal com Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país. Além de o estado ser uma espécie de termômetro eleitoral, pelo fato de que, nas últimas eleições, o candidato vencedor entre os mineiros acabou também eleito presidente da República.
O fato de o ex-presidente Lula, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto, ter agendado seu comício de estreia para a Praça da Estação, em Belo Horizonte, para o dia 18 de agosto, também pesou a favor da escolha de Juiz de Fora para o evento inaugural da campanha de Bolsonaro.