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Juiz de Fora e o desafio de aumentar sua representatividade política

Juiz de Fora nunca precisou tanto de recursos e respaldo dos outros entes federativos para tentar sair do lugar. (Foto: Leonardo Costa)

Os juiz-foranos vão às urnas nesse domingo (2) com o desafio de ampliar a representatividade política do município. Com alto déficit previdenciário e entraves no transporte público, no sistema viário, na saúde e na habitação, Juiz de Fora nunca precisou tanto de recursos e respaldo dos outros entes federativos para tentar sair do lugar.

Mudanças recentes evidenciaram a precedência do peso político na hora de se repartir o bolo. A criação das emendas impositivas, quando os parlamentares indicam ações, projetos e obras que o governo é obrigado a executar, elevou o peso das bancadas parlamentares, notadamente na Câmara dos Deputados.

Houve ainda o advento do “orçamento secreto, que coloca a gestão de uma parte significativa das verbas federais nas mãos de deputados e senadores. Como o processo é menos transparente, sem rigor na definição do projeto e na prestação de contas, prevalecem os interesses políticos a despeito das diferenças regionais.

Por fim, na esfera estadual, o bilionário acordo judicial firmado pelo governo de Minas Gerais com a Vale para reparação de danos causados pelo rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho teve interferência política em sua distribuição. Deputados governistas tiveram prioridade na destinação das chamadas “sobras”.

Enquanto tudo isso acontecia, Juiz de Fora viu sua representatividade desidratar nos últimos quatro anos. Após começar a atual gestão estadual com três secretários no governo de Minas Gerais – Custódio Mattos, Carlos Eduardo Amaral e Elizabeth Jucá -, apenas a última segue à frente da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social.

Na Assembleia de Minas, Betão (PT), Delegada Sheila (PL) e Noraldino Júnior (PSC), da bancada de Juiz de Fora, poderiam ter ganhado a companhia de Isauro Calais (PSC), que há quase um ano aguarda para assumir o mandato. Uma articulação conduzida pelo presidente da Casa, Agostinho Patrus (PSD), acabou atrapalhando os planos

Com a aposentadoria do juiz-forano Sebastião Helvécio como conselheiro do TCE-MG (Tribunal de Contas de Minas Gerais), um deputado deveria assumir a função, abrindo espaço para Isauro. A espera de uma definição da sucessão mineira, Agostinho postergou a indicação e depois articulou para ser o escolhido, mas ainda não tomou posse.

No caso da Câmara dos Deputados, a principal baixa veio com a eleição da então deputada Margarida Salomão (PT) como prefeita de Juiz de Fora em 2020. A diminuta bancada ficou com apenas Charlles Evangelista (PP) e Júlio Delgado (PV).  Lembrando que está em Brasília a maior fatia dos recursos públicos do país.

Para tentar reverter esse quadro e ampliar seu peso político, três candidaturas juiz-foranas disputam o governo do estado – Cabo Tristão (PMB), Lorene Figueiredo (PSOL) e Marcus Pestana (PSDB) – e 74 concorrentes estão na disputa para deputado federal e estadual. De forma conjunta, eles contaram com aporte recorde de recursos para campanha.

No caso da disputa para governador, os três nomes de Juiz de Fora aparecem com chances remotas de sucesso, conforme as recentes pesquisas de intenção de voto. Já entre os concorrentes à Câmara dos Deputados e à Assembleia de Minas o problema, mais uma vez, é o risco de pulverização dos votos nas muitas candidaturas colocadas.

Com várias disputas no interior dos próprios partidos e em segmentos específicos, dirigentes partidários e analistas políticos ouvidos por O Pharol ao longo da campanha manifestaram pouco otimismo em relação à representatividade de Juiz de Fora com os resultados que sairão das urnas no domingo. Quando muito, há quem vislumbre a manutenção do tamanho das atuais bancadas, o que já seria lucro.