Fim de ano pra mim, desde que me lembro, é sinônimo de cansaço, insegurança, irritação e aquela melancolia que recentemente descobri que tem nome chique: Holiday Blues.
Com a descoberta do nome importado também aprendi que, ao contrário do que a turma alegre aqui de casa sempre me fez acreditar, não sou a única Grinch no mundo.
Somos vários monstrinhos sem forças para enfrentar esse “sem número” de reuniões, encontros obrigatórios, disposição para comer de tudo e mais um pouco, que tomam conta do mês de dezembro.
Já confidenciei aos amigos mais íntimos, e agora aos leitores mais fiéis, que sinto uma certa ressaca de afetos.
Preciso dosar essa avalanche de sentimentos que às vezes nos invade. Meu problema – ou será super poder? – é não saber sentir pouco. O morno jamais me interessou.
Sou amante das fervuras e das sensações que congelam.
E, pra esse tipo de gente, saber lidar com tanto sorriso, abraço e afagos não é tarefa fácil.
Achei que eu era assim e pronto.
Que aprendessem a conviver comigo e com essa vontade de ir embora antes mesmo de chegar.
Mas, esse ano vai ser diferente.
Não sei se foi o isolamento forçado dos últimos anos; o orgulho que senti de quem resolveu combater o bom combate de peito aberto e retomar nossa pátria roubada; se é o reconhecimento da sorte que tenho por não ter perdido ninguém na pandemia ou apenas, e não simplesmente, a chance de acompanhar meu filho crescer e morrer de orgulho a cada briga que o vejo comprar pra garantir que justiça seja feita.
O fato é que, neste dezembro, não vejo a hora de abraçar os que amo.
De dizer o quanto são importantes pra mim. O quanto me sinto privilegiada pelo afilhado novo, pela dedicatória na capa do TCC, pelo áudio repleto de afeto que acalentou dias e noites.
Não que eu tenha deixado de ser Grinch.
Longe de mim acordar de bom humor!
Mas a dureza da vida me ensinou que dor de afeto vale a pena, chorar de alegria não deve ser problema e falta a gente só sente do que valeu a pena.
Ganhei uma nova versão de presente, por isso se a gente se encontrar por aí não hesite em me dar aquele abraço.
Eu já aprendi a receber.