Janeiro é um mês marcado pela necessidade de adaptação. Mas isso não demora muito. Escoam-se alguns dias e o Ano Novo, recebido com pompas, já tá com ares de seminovo. Perde 20% do valor quando…
Dezembro é sempre a mesma coisa. Com ligeiras modificações, que mais reforçam que negam a sensação de déjà vu, é sempre o mesmo amontoado de gente se acotovelando pelas lojas e ruas. Normalmente, embaixo da…
A fila de ciclistas avançava devagar, sob chuvisco persistente, sempre no ritmo do mais lento. Estávamos num trecho relativamente tranquilo da União e Indústria, próximo a Cotegipe. Era possível ouvir o chiado dos pneus sobre…
“Não tem jeito não, você vai ser professor!”. Foi assim que minha amiga Daracy, do alto de seus quase noventa anos, reagiu ao entusiasmo com que eu contava minhas primeiras experiências em sala de aula….
Todo mês de outubro traz duas datas comemorativas que considero extremamente significativas. A primeira delas é o “Dia das Crianças”. Criado em 1924 por um decreto presidencial e absorvido para o consumismo após uma campanha…
Numa de suas mais tocantes composições, Gilberto Gil esclarece, já no primeiro verso, a estratégia que utiliza para construir um diálogo qualificado com a divindade: “se eu quiser falar com Deus, tenho que ficar a…
É um truque velho nos filmes de Hollywood: personagens com desequilíbrios opostos são constrangidos, por alguma circunstância, a conviver. Neste processo, vivenciam diversas situações: trágicas, dramáticas, românticas, cômicas… O policial excessivamente metódico é obrigado a…
No romance O retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde conta a história de um rapaz de rara beleza física, que – no auge da juventude – teve seu retrato pintado pelo artista plástico Basil Hallward….
Na minha infância, a aproximação dos desfiles do Sete de Setembro representava o segundo maior motivo de angústia no ano. O primeiro lugar pertencia às festas juninas. Nos dois cenários, a causa era simples: a…
Setembro se anunciou, na rua da minha casa, com as flores dos ipês. Como se o sopro do criador ali houvesse bafejado, as garras ressequidas – antes içadas aos céus como mãos em desespero – coloriram-se de amarelo, qual um monge chinês, vestido para celebrar a plenitude.