Todo o resto, incluindo 1.282 gols, Pelé fez. E só ele, mais ninguém, usou a bola com “malícia e atenção, dando aos pés astúcia de mãos”.
Mal me lembro dos réveillons que aconteceram de Temer para cá. Menos ainda, a partir de Bolsonaro, de a data, expectante por natureza, ter evocado alguma esperança.
Tinha que ser proibido esse negócio de emendar Copa com Natal. Pior ainda: eleição-Copa-Natal.
A culpa é da sua negligência, da sua omissão, do seu deboche, do seu desincentivo às medidas de enfrentamento à pandemia, do seu atraso na vacinação, da sua recusa em vacinar as crianças pequenas.
Bem que disseram, diversas vezes, que a xenofobia contra brasileiros em Portugal está mais à flor da pele do que nunca.
O pessoal que queria a ausência de símbolos de luta desde as marchas de rua de 2013 vestiu a amarelinha, da idônea e impecável CBF, e saiu por aí pedindo impeachment, aplaudindo cortes na Educação e na Saúde.
Alertado, com desespero, pelos colegas, de que não haveria segundo turno, Garrincha respondeu: “Que torneio mixuruca que nem returno tem”.
Para quem vive com medo de ter medo, viver em um país estrangeiro, traz sempre um arfar de adrenalina no cangote, oscilando entre o receio de ser jeca numa situação cotidiana e o terror absoluto de cometer uma gafe imperdoável.
Jair Bolsonaro nunca tinha perdido até 2022. Talvez num insólito passado militar, em que um prédio se materializou na frente dele e o deixou todo quebrado, ele nunca tinha caído.
Preciso dosar essa avalanche de sentimentos que às vezes nos invade. Meu problema – ou será super poder? – é não saber sentir pouco. O morno jamais me interessou.